
- a “mulher do saco”:
“Eu era muito arteiro, fazia muita malcriação, muita bagunça quando era novinho e às vezes meus pais, tadinhos, saíam do sério mesmo e não tinha mais o que fazer para eu aquietar meu facho. E às vezes eles falavam: ‘Olha, se você não parar, a mulher do saco vai te pegar!’. Eu ficava morrendo de medo porque eu corria para a janela, via alguns senhorzinhos passando na rua e ficava imaginando quem era. Até que um dia eu vi de fato um desses idosos passando com uma mala e um saco nas costas e tive vários pesadelos. Fiquei extremamente traumatizado com isso e aprendi a me comportar imaginando a mulher do saco”. - o “doceiro que vendia balas com drogas”:
“Minha mãe falava: ‘Nunca aceite nada de estranhos na rua, nada que alguém te ofereça e você não conheça!’. Sempre fui muito questionador e falava: ‘Por quê?’ (…). Acho que, em algum momento, minha mãe falou assim: ‘Porque pode ter um doceiro na porta do seu colégio que vai te vender uma bala com drogas’. E aí isso também me traumatizou porque eu via todo mundo comprar pipoca. Existia um doceiro na porta do colégio e acho que ela não se ligou nisso. Comecei a sair por outra porta do colégio, a ficar preocupado, a falar mal dele para as pessoas: ‘Não aceita nada dele porque ele bota drogas’. Eu personifiquei. Até que aquilo começou a fazer um correio sem fio e chegou nele, tadinho. Aí ele me deu uma chacoalhada: ‘Que estória é essa que você tá falando que eu vendo bala com drogas por aí?’ (…) E aí que me traumatizou mais ainda: ‘Meu Deus, é ele mesmo! Virei uma vítima!’”.
Quebrado o gelo, a narrativa seguiu agradável e sóbria e estes foram alguns dos temas tratados:
- o livro mais difícil de escrever:
“Foi o ‘Comunicação e Administração’ (…) Entendi que, naquela fase que eu trabalhava como Analista de Comunicação, eu não estava tanto na gestão da coisa. Isso quem estava mais eram os cargos de gerência e, como decidi falar de Comunicação e Administração, comecei a ter dificuldade (…). Tive que dar uma parada no que achava, ler muita bibliografia sobre o assunto, conversar com gerentes, coordenadores, pessoas que exerciam cargos acima do que eu exercia. E aí comecei a ter uma crise de identidade dentro desse livro pensando: ‘Poxa, será que tenho poder de fala já que não vivencio isso?’. Então tive que retomar toda minha narrativa do livro e recomeçar a escrevê-lo a partir dos relatos que escutava das pessoas que, de fato, vivenciavam essa experiência”. - e qual livro ele mais curtiu fazer:
“O que eu gostei mais foi ‘Jornalismo de Celebridades’ porque foi o resultado do meu Trabalho de Conclusão do Curso da faculdade e eu já trabalhava na Editora Abril. Meu primeiro estágio foi lá com Jornalismo de Celebridades, logo no segundo período da faculdade. E ali entendi que era um tipo de jornalismo, que eu era cheio de preconceitos e descobri que era o jornalismo mais consumido do mundo. Então fiquei apaixonado por esse mercado e, ao longo da faculdade, fui ficando na Abril, fui rodando várias revistas e me apaixonando mesmo por este tipo”. - a repercussão de reportagens políticas:
“Quando a gente causa um impacto muito grande dentro de outros cadernos, de outras editorias, como o da Política, por exemplo, a gente é falado, mas é mais comentado o conteúdo que a gente falou do que propriamente a nossa pessoa. E quando a gente é criticado também… por exemplo, a gente faz uma denúncia em cima de um político e quando ele vai falar mal, vai querer argumentar, ele fala do veículo. Ele não fala de quem falou dele”. - os efeitos de matérias sobre celebridades:
“No campo de celebridades é diferente porque a gente mexe tanto com a vaidade e o ego das pessoas que elas não querem só saber que veículo está falando. Elas querem saber: ‘Quem está falando isso de mim?’. E na hora de reclamar, elas não falam, muitas vezes: ‘O A Tarde É Sua, da RedeTV!, falou isso de mim’. Elas falam: ‘O Alessandro Lo-Bianco, do A Tarde É Sua, da RedeTV!, falou isso de mim’. Então este campo, pelo fato de a gente estar falando de celebridades, de pessoas, parece que a gente está falando mais delas do que o que gira em torno delas”. - como obter fontes:
“Não é difícil conseguir uma fonte. Acho que é assim: quanto mais tempo você dedica a uma coisa, mais sucesso você vai ter em cima daquilo. Não tenho segredo: para fazer fonte, você tem que se sentar, tirar quatro horas do seu dia, pelo menos, para isso. Eu me lembro que quando voltei a trabalhar com a Sonia Abrão, falei: ‘Olha, talvez eu não vá ter uma bomba no começo, nas primeiras semanas, mas, se você me der uma liberdade, quero ficar um mês fazendo fontes’. E não tem segredo mesmo: quem não fizer isso, não vai ter fonte. Peguei os contatos de umas trezentas assessorias de imprensa do Brasil todo que trabalhavam com cast de artistas e fui no modo analógico ligando uma por uma (…). Eu me lembro que, nesse mês, minha conta de telefone veio em quase dois mil reais”. - o que mudou após a exposição na TV:
“Quando você começa a aparecer falando na televisão, as pessoas se lembram. Então é mais fácil ter fonte quando você está com a cara na televisão. Depois que você faz a engrenagem girar e sua cara fica muito tempo exposta na televisão, as fontes começam a chegar para você, ou aquelas que você tanto buscou começam a te dar mais importância, mais credibilidade. E os próprios artistas passam a te procurar. Hoje, depois desses dezessete anos desse sacrifício para fazer fontes, vejo que estou num momento que ter fontes e conseguir novas não é mais tão difícil. O que está sendo e sempre vai ser difícil é confirmar as informações que elas trazem”. - ameaças após expor situações com gente famosa:
“Já recebi, mas perto das ameaças que recebi fazendo jornalismo policial, para mim é pinto. Normalmente as ameaças dentro do campo das celebridades são: ‘Se você publicar isso, vou acabar com sua imagem’. E aí, se você tem uma imagem sólida dentro do trabalho que faz, a pessoa pode falar o que quiser de você que você consegue responder com trabalho, pois seu trabalho te credibiliza. Ou: ‘Vou te processar se você fizer isso’ e não tenho medo. Se você tem um bom advogado, também tenho um excelente e se tenho uma boa apuração, não tenho o que temer do seu processo. Quem vai acabar pagando as custas é você e ainda ter que me indenizar. Nunca tive uma grave ameaça no campo do jornalismo de celebridades. Só as com processo ou ‘Vou queimar seu filme no mercado. Vou revelar coisas sobre sua vida pessoal’. São coisas que, enfim, não me intimidam. Mas rola sim”.
Tudo isso em trinta e dois minutos, ou seja, pouco além de um terço de todo o papo! Já a cereja do bolo não será transcrita e soltaremos apenas um teaser: o desbaratar de uma quadrilha de trabalho escravo! A fachada? Pastelarias chinesas que serviam carne canina em suas iguarias… autêntica aula de jornalismo investigativo com todo um concatenamento de idéias e ações que, após seis meses de trabalho, culminaram: nas prisões de trinta e seis envolvidos; a libertação e envio de quase noventa vítimas às suas cidades natais; mais de cem estabelecimentos comerciais fechados; e um cônsul perdendo o cargo! Os detalhes deste trecho da live, de quase doze minutos, você terá que descobrir por conta própria prestigiando-a! E como o Sonoridades também é sobre música, Alessandro Lo-Bianco revelou o que curte ouvir:
- música internacional:
“Sou muito eclético, muito mesmo. Escuto desde bagaceira pop a música erudita, consigo transitar em dois hemisférios: do reggae à música eletrônica, da bossa nova ao samba, ao forró, passo por todas as áreas mesmo, tudo tem uma coisa boa e uma coisa ruim (…). São três bandas pelas quais sou apaixonado: Pearl Jam, pelo Eddie Vedder, sempre fui, desde criança, com meus primos, as pessoas dentro da minha casa; sempre escutei muito Dave Matthews; e Ben Harper também. São duas bandas e uma pessoa que sempre escutei muito, para mim sempre foi a Santa Trindade. Hoje tenho escutado muito o Hillsong, que era uma banda a quem eu não tinha dado muita atenção, uma banda incrível, gospel, mas que tem uma técnica musical muito forte e me lembra muito da infância porque minha mãe escutava muito Enya, que fazia uma música celestial”. - e os artistas brasileiros:
“De música nacional, tenho escutado muito a galera dos anos setenta e oitenta. Aquele período mesmo da Bossa Nova é algo com o qual me identifico muito também e essa galera do início do rock no Brasil. Anos setenta e oitenta, uma época em que o Brasil tinha tanta cultura que essas músicas versam muito sobre esse período cultural em que as coisas começaram a eclodir no Brasil. Esses dias, fui cozinhar e botei o CD do Paralamas, o ‘Vamo Batê Lata’ (…). Comecei esses dias e estava reescutando Kid Abelha, Lulu Santos… escuto muito essas pessoas que se tornaram referências dentro da nossa música porque consigo identificar que são trabalhos carregados de cultura, de transição de época”.
O que achou até aqui? Confira o restante da interação entre Isa e Alessandro clicando aqui [https://www.youtube.com/watch?v=Cr_BLUhu4sE].
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Por: Vagner Mastropaulo