quinta-feira, maio 2, 2024
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O que define a sexualidade?

Um olhar psicanalítico.

O que define a sexualidade?

Na atualidade, com uma sociedade tão dividida e polarizada no que tange ao assunto da sexualidade, e onde ainda se faz tabu falar abertamente do assunto, passa a ser uma ousadia, mesmo para os profissionais de saúde mental falar sobre o assunto fora das quatro paredes do consultório, esse assunto costuma dar “pano para manga”. Entretanto, se faz de extrema importância tal discussão, não há fim de fazer polêmica, mas para elucidar a visão e evolução científica sobre o assunto.

É fato que a sexualidade marca cada momento da vida humana, está presente desde o nascimento até a velhice, é considerada energia vital, expressão de desejo, escolha e amor. É uma forma de interação entre pessoas que não se limita à possibilidade de obtenção do prazer genital, mas ao envolvimento emocional que causa prazeres e dores no corpo e emocionais. Este é um olhar mais amplo e, portanto, mais do que a atividade sexual entre duas pessoas, deve ser entendida como uma expressão afetiva e sexual que influencia o pensamento, o sentimento, a ação e a interação; está diretamente ligada à preservação da saúde física e mental de todo ser humano. Sua vivência inclui aspectos físicos, emocionais, românticos, amorosos, relacionados à construção da própria identidade, história de vida, valores culturais, morais, sociais e religiosos, e também englobam motivações e traumas. Em geral, os relacionamentos, o equilíbrio emocional e a expressão das emoções da pessoa adulta dependem do desenvolvimento da sexualidade durante as fases da infância e adolescência principalmente. Conhecer a vida é uma tarefa muito emocionante, os adolescentes experimentam a sexualidade cada vez mais cedo, de forma fácil, natural e de várias maneiras.

A maneira como expressa sua sexualidade engloba várias dimensões da experiência humana, como o aspecto biológico, emocionais tanto positivo, quanto negativos, sociais e culturais. Na adolescência, ela se abre para as dimensões de seu próprio gênero. Isso significa se adaptar a novos corpos, novas sensações e a tensão de enfrentar novas situações, ou a pressão de passar pelo primeiro beijo, primeira transa, ou mesmo se manter virgem. É uma fase muito dinâmica. Sua complexidade reside na característica de que, ao mesmo tempo, em que o adolescente se volta para si, como forma de se auto identificar, também se envolve com a tarefa de se identificar socialmente com o grupo, buscando assim o reforço necessário para garantir sua individualidade. A adolescência é um período normal da vida conhecido como fase assertiva. Consequentemente, a vivência da sexualidade e como ela se desenvolve são de extrema importância para os relacionamentos, o equilíbrio emocional e a manifestação de sentimentos do indivíduo adulto assim como também se identifica ou se impõe perante a sociedade. O Desenvolvimento da sexualidade ocorre ao longo da vida de uma pessoa. A forma como se desenvolve pode variar segundo a cultura a época e as pessoas que estão em sua volta, bem como aos traumas causados ou pela repressão, como também, por algum abuso sofrido. Foi o conhecimento da suposta diferença de comportamento ou genital que deu origem à ideia do que é um homem o que é mulher. No entanto, pensar dessa forma permite criar condições de seleção, inclusão ou exclusão, o que reforçaria a ideia de que a organização social da sexualidade não é dinâmica, o que não é verdade. Entretanto, as ideias sobre sexo em uma sociedade podem ser completamente diferentes em outra, ou até mesmo, na mesma sociedade em momentos históricos diferentes. No entanto, vale ressaltar que a adolescência independente da sociedade ou momento histórico, é um momento decisivo no desenvolvimento sexual humano, pois é nesse período que a sexualidade se “genitaliza”, ou que os hormônios trabalham a todo vapor possível, e assim, acontecem intensas transformações biopsicossociais que proporcionam ao adolescente a oportunidade de repensar as identificações e aquisições anteriores, reestruturando sua própria identidade…

O adolescente sofre a tensão de enfrentar novas situações, ou a pressão de passar pelo primeiro beijo, primeira transa, ou mesmo se manter virgem. É uma fase onde a aceitação social com o grupo se faz necessário para manter um certo equilíbrio mental!

Com o tempo, a sociedade aprendeu e compreende as diferentes formas de expressar a sexualidade ao longo da história . A sexualidade que evolui, segundo Freud, segundo estágios de desenvolvimento, que ele chamou de fase oral, fase anal, fase fálica, período de latência e fase genital; essas fases ocorrer conforme as regiões do corpo (zonas erógenas) para as quais a libido (energia sexual) é mais direcionada para obter prazer. Segundo a maioria dos especialistas, durante os três primeiros anos de vida, a criança assimila um esquema do que significa ser homem ou mulher, estabelecendo a noção de si mesma, ou seja, o sentimento de pertencer a um sexo ou a outro. Entre os três e os seis anos as crianças vão se voltar para o prazer de se tocar. Ela presta atenção especial às sensações que emanam de seus órgãos genitais. Ele descobre as diferenças entre os sexos entre seu próprio corpo e o de seus pais, tem curiosidade sobre as diferenças anatômicas de gênero; brinquedos sexuais infantis são comuns. Entre 7-8 anos e 10-11 anos, as crianças voltam sua atenção para amigos e adultos do mesmo sexo. Eles são considerados o ideal do que uma criança quer ser. “Clube do Bolinha” e “Clube da Luluzinha” são comuns. Na idade de 11-12 anos, ao entrar na puberdade os adolescentes se concentrarão no sexo oposto. O contato grupal com adolescentes do sexo oposto, o “rolo” e o “ficar” são essenciais para o desenvolvimento de seu papel afetivo e sexual. Igualmente importantes são as ligações que estabelece com colegas do mesmo sexo, como forma de se defender do contacto com o sexo contrário, que, sendo tão desejado, é receado pela timidez e insegurança própria deste momento de mudança. Dessa forma, relacionamentos íntimos podem ser estabelecidos com amigos do mesmo sexo onde foram compartilhados ideais, dúvidas, experiências, confiança e imaginação. Os adolescentes gradualmente começam a definir sua identidade de gênero aprendendo com as experiências com ambos os sexos durante a infância e a adolescência. Isso fica ainda mais evidente à medida que ele amadurece: ele pode gostar de pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto. A orientação sexual é a atração emocional e sexual que uma pessoa sente por outra. A heterossexualidade é definida pela atração pelo sexo oposto. A homossexualidade é definida pela atração por pessoas do mesmo sexo. E a bissexualidade é definida pela atração por ambos os sexos. A capacidade de formar relacionamentos emocionais caracterizados por intimidade, respeito e crescimento mútuo não é determinada pela orientação sexual de uma pessoa. Deste ponto de vista, a homossexualidade é uma variante da orientação sexual. Não se sabe por que uma pessoa está inclinada a amar e fazer sexo com outra pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto. O que sabemos é que desejo e amor são sentimentos abstratos, difíceis de descrever, medir e qualificar.

Todos nós podemos nascer bissexuais e desenvolver heterossexualidade ou homossexualidade a partir de influências ambientais ou experiências emocionais. Diante dos estigmas sociais e da cultura atual, é natural que os homossexuais sejam eles homens (gay) ou meninas (lésbicas), passem por períodos de confusão, ansiedade, insegurança e solidão, o que as torna mais vulneráveis a malefícios em geral. Quando a família fica sabendo, pode ter reações diferentes, chegando a expulsá-la de casa, pelo medo da não procriação, do “pecado”, do “constrangimento”. Carrega tempo para aceitar que não requer aprovação. É desejável pelo menos reduzir a tensão e a culpa, manter uma relação familiar saudável.

O profissional de saúde, principalmente o médico, psicólogo e psicanalista pode ser um facilitador e orientador durante o processo de definição da orientação sexual emergente, tanto para o adolescente quanto para a família. Sabemos que a sexualidade assume novas formas em cada etapa do desenvolvimento humano, portanto é dinâmica e está presente em todos os momentos de nossa existência e permeia nossas relações com os outros e com nós mesmos. No entanto, nossa cultura categoriza o comportamento sexual de acordo com a função reprodutiva. Por isso, durante séculos, pensou-se que a identidade sexual de cada pessoa era determinada conforme o gênero portanto, esperava-se que a pessoa se sentisse atraída pelo sexo oposto. A homossexualidade ainda é vista como um desvio ou uma doença a ser tratada por uma parcela da sociedade, o que não é verdade. Desconsiderada como doença pela medicina e psicologia segundo a Organização Mundial da Saúde Associação Americana de Psiquiatria, Academia Americana de Pediatria, O Conselho Federal de Psicologia (resolução 1/99) e a Classificação Internacional de doenças (CID 10) não considera doença, distúrbio ou perversão.

O índice 5 vezes maior de suicídio e depressão em adolescentes homoafetivos, pela questão do preconceito enfrentado, da não aceitação ou acolhimento da família, do isolamento e até das próprias lutas internas contra seus desejos próprios.

Não estou imbuída aqui em motivar ou orientar a sexualidade de ninguém como alguns podem me julgar, apenas quero deixar uma reflexão e dizer que essa é uma questão que segundo índices de estudos é comprovado o índice 5 vezes maior de suicídio e depressão em adolescentes homoafetivos, pela questão do preconceito enfrentado, da não aceitação ou acolhimento da família, do isolamento e até das próprias lutas internas contra seus desejos próprios por isso é tão importante o acompanhamento do profissional de saúde mental.

Vanessa Fontana

Vanessa Fontana
Vanessa Fontana
Jornalista, CEO da Fontana Produçōes, Doutora em psicanálise, especialista em psicologia humanista, hipnoterapeuta e atriz. Faço parte do Conselho Brasileiro de Psicanálise Clínica. CBPC 2022-624 e da Sociedade Brasileira de Hipnose.

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